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35 anos, carioca e mãe do João Victor (11 anos e autista)
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Falsa psicóloga será indiciada por crime de tortura no RJ, diz polícia

05/05/2011 14h17 - Atualizado em 05/05/2011 14h20


Delegado afirma que marido dela será indiciado por ajudar em crimes.
Ela vai responder também por estelionato e exercício ilegal da profissão.

A falsa psicóloga presa na semana passada no Rio vai responder pelo crime de tortura. O delegado Maurício Luciano Almeida e Silva, responsável pelo caso, afirmou nesta quinta-feira (5) que, segundo relatos de testemunhas, a suspeita usava tratamentos agressivos para fazer com que as crianças autistas que travava se alimentassem. Ela foi solta no último sábado (30), três dias depois de sua prisão.
“Ela dispensava um tratamento de intervenção familiar que não é correto. Terapeutas relataram em depoimento que ela imobilizava as crianças, amarrando pernas e braços para fazer com que elas comessem. Em alguns casos, cobria a boca das crianças para que elas não cuspissem a comida”, descreveu o delegado. A falsa psicóloga tratava de crianças autistas em um centro de tratamento especializado. Além do crime de tortura, a suspeita será indiciada por estelionato, propaganda enganosa e exercício ilegal da profissão.
De acordo com o delegado, o marido da falsa psicóloga também será indiciado pelos mesmos crimes que a mulher. “Ele será indiciado pois sabia que ela não era psicóloga e a ajudava a cometer esse crime. Ele era gerente financeiro, contador da clínica”, explicou.
Convênio com a Marinha
A polícia investiga ainda se a falsa psicóloga já teve convênio com o setor de saúde da Marinha. A denúncia veio de pais de um paciente que teriam usado o serviço para tratar o filho. Procurada pelo G1, a Marinha confirmou o convênio e afirmou que ela foi descredenciada em 2010.

Além de muitos pais, alguns ex-funcionários também foram ouvidos. “Muita coisa era só fachada. Os profissionais de lá não tinham vinculo empregatício e, como terapeutas, usavam métodos poucos ortodoxos, como colocar a comida à força na boca da criança. Estamos chamando os pais e, a partir destes depoimentos, a gente descobre os funcionários. Alguns não tinham formação para atuar como atuavam, mas não temos ainda elementos que afirmem que eles sabiam que ela não era psicóloga”, explica o delegado.
O propósito era que as crianças não melhorassem, disse funcionária
Ainda de acordo com Maurício Luciano, uma das funcionárias interrogadas chegou a dizer em depoimento que “sentia que o propósito era que as crianças não melhorassem e que os pais se eternizassem pagando as consultas”. Num outro depoimento, uma ex-funcionária contou que havia sido colega de faculdade da estelionatária e que acreditava que ela havia se formado.
“Cada um dos casos vai gerar um procedimento na Justiça”, afirma o delegado, que aguarda a decisão da Justiça sobre o bloqueio de bens da falsa psicóloga. “O objetivo é que ela não possa usufruir do dinheiro que auferiu mediante a fraude. A gente está juntando provas e indícios de crimes para verificar, para ver se pedimos uma nova prisão”, completa ele.
Entenda o caso
A falsa psicóloga foi presa em flagrante, na tarde de quarta-feira (27), atendendo um paciente em Botafogo, na Zona Sul, onde funcionava um centro de tratamento especializado fundado por ela. De acordo com as investigações, ela não possui graduação em curso superior, nem especialização em psicologia.

Segundo a polícia, ela atuava há 12 anos e atualmente ‘tratava’ cerca de 60 pacientes. Imagens feitas no centro de tratamento mostram a suspeita conversando com uma delegada, pensando se tratar da mãe de um futuro paciente.
A fraude foi descoberta por Andréia e o marido, Gilson Moreira, que desconfiou quando pediu recibos para declarar as despesas no imposto de renda.
De acordo com a polícia, ela cobrava, em média, R$ 90 por hora. Na delegacia, segundo a polícia, a falsa psicóloga disse informalmente só ter cursado dois períodos da faculdade de psicologia.