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35 anos, carioca e mãe do João Victor (11 anos e autista)
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quarta-feira

Um resumo da historia do início da dieta sem glúten e sem caseína

Quero dividir essa leitura com vocês, porém no meio de tanta pesquisa sobre o autismo eu baixei o arquivo da internet e não me lembro a fonte. E, para completar, no arquivo não tem o nome do escritor.
Mas não deixa de ser interessante e para obter maiores conclusões sobre o texto voltemos as pesquisas.

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Um resumo da historia do início da dieta sem glúten e sem caseína

A idéia de usar uma dieta no tratamento de autistas é uma abordagem não convencional. Contudo, as dietas têm sido um método usado há vários anos para cuidar de vários problemas como epilepsia, hiperatividade, doença celíaca, câncer, autismo e muitas outras desabilidades e doenças. Muitas pesquisas mostram o benefício de uma intervenção com a dieta.

Nos anos 80 alguns pesquisadores começaram a notar que o comportamento de vários animais submetidos à influência de drogas opióides como morfina e heroína eram similares aos comportamentos de alguns autistas. Dr. Jaak Panksepp propôs que autistas poderiam ter, naturalmente, elevados níveis de componentes de drogas opióides no seu sistema nervoso. Logo depois o Dr. Christopher Gillberg encontrou provas da existência de elevados níveis de substâncias parecidas com endorfinas no fluído cerebrospinal de alguns autistas. Estes níveis são mais elevados em autistas que são mais insensíveis à dor e que demonstram um comportamento mais agressivo.

O Dr. Karl Reichelt achou peptídeos na urina de autistas e este descobrimento foi reproduzido por “Autism Research Unit at the University of Sunderland” pela direção de Paul Shattock que constatou que na urina de 50% das pessoas autistas encontra-se um nível elevado de substancias similares aos opióides peptídeos, o que foi confirmado por outros pesquisadores.

Está crescendo o número de pesquisas sobre este assunto e já se sabe que certos alimentos parecem afetar o desenvolvimento de algumas crianças e causar comportamentos autistas. Muitos pais perceberam a conexão entre autismo e a ingestão de certos tipos de alimentos comprovando que eles não digerem apropriadamente algumas proteínas. Várias pesquisas mostram que o autista tem um distúrbio imunológico que pode gerar problemas para digerir proteínas como caseína, glúten e alimentos fenólicos além de outros alimentos.

O que acontece:

Os pesquisadores acreditam que o nível dos componentes achados na origem central do sistema nervoso possam ser os resultados de uma incompleta digestão de alguns alimentos. A proteína, que é formada de uma longa cadeia de aminoácidos, normalmente é digerida pela enzima intestinal que quebra o vínculo que conecta o aminoácido. Enzimas são proteínas que também possuem uma longa cadeia de aminoácidos que se modificam em formas tridimensionais específicas, cada uma com uma atividade em que se encaixa a proteína que está alimentando. Se a enzima é alterada, isto alterará a sua função e a proteína não processará o alimento como deveria.

Quando isso acontece há uma digestão incompleta deixando aminoácidos que deveriam ser vinculados em cadeias chamadas peptídeos. Duas proteínas que se quebram em peptídeos e que produzem atividades opióides são: a caseína, que é a proteína encontrada no leite animal (proteína que produz um peptídeo chamado casomorfina); e o glúten que é a proteína encontrada no trigo, aveia, centeio e seus derivados (proteína que produz um peptídeo chamado gliadinomorfina). Se as enzimas que deveriam digerir o trigo e o leite não estão atuando apropriadamente isto pode gerar um funcionamento propício para a formação de opióides. Normalmente, quando isso acontece esses peptídeos são jogados na urina. Mas, se algum escapa e entra no sistema sangüíneo, eles podem atingir o cérebro - “blood-brain barrier” - causando sérios problemas neurológicos. Isso nos leva ao “Leaking Gut” conhecido como Intestino Poroso que faz com que o trato digestivo de vários autistas não absorva todos os nutrientes ou que os processem de maneiras diferentes. O intestino imperfeito deixa moléculas que deveriam ser contidas, serem descarregadas na corrente sangüínea. Esta pode ser a maneira que peptídeos impróprios passem para o sistema sangüíneo e atinjam o cérebro.

Não se sabe o porquê dos autistas não digerirem estas proteínas. Acredita-se que seja uma deficiência na enzima requerida para um metabolismo apropriado, o que pode gerar uma deficiência na absorção de minerais, resistências a vírus, bactérias, candidíase, etc.

O teste tradicional de alergia não detecta este problema, talvez porque isso não seja uma alergia, mas intolerância a glúten, caseína e outros alimentos que possam sensibilizar o autista.

Alteração no sistema Imunológico pode gerar Cândida Albicans:

Cândida Albicans “Yeast” é um fungo monocelular que vive no nosso corpo em pequenas quantidades. Especula-se que em pessoas com distúrbio no sistema imunológico estes fungos possam crescer no trato intestinal e causar vários problemas incluindo cansaço, confusão, hiperatividade, diminuição de atenção, constipação, dor de barriga, dor de cabeça, diabetes e problemas comportamentais.

Algumas pessoas conseguem controlar este problema com Nistatina, Ketoconosal, Diflucan, embora a maioria dos medicamentos não seja absorvida corretamente pelo intestino poroso. O problema só poderá ser resolvido com uma dieta com pouco ou sem nenhum açúcar, poucos carboidratos, sem produtos que contenham cafeína e álcool, e qualquer outro alimento que possa causar alergia. Aconselha-se também a ingestão de acidófilos, uma alimentação regulada e em quantidades pequenas três vezes ao dia - para se levar mais tempo para a digestão -, além de beber muita água.

No começo da dieta, ao se remover estas proteínas pode haver uma reação negativa, como a de um viciado saindo das drogas. Crianças mais novas, com menos de três anos, têm um beneficio dramático com esse tipo de intervenção, mas muitos adultos que adotam essa dieta também notaram melhoras na concentração e na comunicação.

Alguns autistas só comem alimentos que contém glútem e caseína (leite, macarrão, bolos, bolachas...). Como um drogado o autista é viciado nestas proteínas. Muitos pais contam que depois de algumas semanas na dieta o autista começa a sair deste “fogge stage” – estado de confusão – como se os seus sentidos estivessem emergindo e também passam a comer outros alimentos que não comiam antes. Podem comer farinhas que não contenham glúten como tapioca arroz, batata, carnes, mel, frutas, vegetais.

Historias de sucesso com a intervenção:

Donna Williams (autista) é um ótimo exemplo de como uma dieta pode trazer benefícios. Donna, ao digerir certos alimentos, tem distúrbio sensorial (ela não consegue compreender, e se comporta como uma drogada). Depois que começou a dieta sem glúten, caseína, açúcar, nenhum tipo de conservantes, corantes e pouco salicilato, esses distúrbios diminuíram drasticamente e hoje ela consegue interagir com outras pessoas, tem um trabalho e é casada.

Karyn Seroussi quando teve seu filho diagnosticado como autista, antes dos três anos de idade, colocou-o imediatamente na dieta sem caseína e teve o diagnóstico reformulado, não sendo mais considerado autista. Hoje ela faz parte do grupo ANDI e ajuda outros pais a promovendo a dieta sem glúten e caseína.

Muitos autistas manifestam uma reação alérgica a alguns alimentos e ela se manifesta afetando o seu comportamento. Para muitos a dieta poderá promover a cura, como no caso do filho de Karyn Seroussi ou então, mais provavelmente, a dieta irá melhorar a sua qualidade de vida.

Como uso o tratamento alternativo:

Conheci vários pais que fazem tratamentos com os filhos autistas apoiados pelo DAN (especialista em autismo nos EUA que usam a dieta) que seguem o protocolo Defeat Autism Now. Com isso, ao ouvir várias histórias de bons resultados com esta intervenção, resolvi levar o meu filho a um médico filiado ao DAN que pediu vários exames que foram feitos pelos Laboratórios Great Smokies e Great Plains.

Um conselho que recebi no primeiro contato com o especialista foi que eu deveria colocar o Luke imediatamente na dieta sem glúten, sem caseína e sem soja.

Comecei a dieta e notei uma diferença grande após duas semanas. Meu filho que batia a cabeça a cada quinze minutos sem nenhuma razão era muito agitado, só dormia seis horas e acordava no meio da noite, pulava por uns 30 minutos e só depois voltava a dormir, hoje não tem problemas com isso: dorme de mais ou menos 21:30 da noite até às 8 da manhã. Não bate mais a cabeça - só quando está nervoso o que acontece mais com a quebra de rotina -, e segue as orientações que dou a ele com mais facilidade, e está menos hiperativo.

Não tenho dúvida que ele necessita fazer a dieta. Quando por acidente ele come glúten, caseína ou soja pode-se notar que ele fica muito confuso sem conseguir processar as informações que recebe e voltam todas as reações notadas antes da dieta. Também tem problemas com Cândida Albicans e necessito tomar cuidado com a quantidade de açúcar nos alimentos que ingere.

A melhor maneira de saber se a dieta pode ajudar é fazendo a dieta. Nos Estados Unidos existem alguns laboratórios que podem fazer os testes para saber se a dieta é necessária. Conheci muitos pais que fizeram os testes e constataram que o filho não necessitava fazer a dieta, mas, mesmo assim, adotaram a dieta e notaram, depois de algum tempo, melhoras consideráveis.

Eu fiz um teste com o meu filho quando ele tinha três anos em um laboratório regular por não ter a informação que tenho hoje que crianças autistas, por terem um sistema que processa de maneira diferente, têm que fazer os testes em condições especiais. Com isso o resultado mostrou que ele o Luke não precisaria fazer a dieta. Quando ele tinha cinco anos eu o coloquei na dieta e fiz um teste no laboratório que os DAN recomendam. Em um deles, o Great Plains Laboratory, o teste mostrou que ele precisava fazer essa dieta e, claro, o mais importante, foi que notei uma grande melhora nele.

No momento ele faz a dieta sem glúten, caseína, soja, e pouco açúcar também cigo a dieta feingold sem conservantes. Luke toma suplementos como multi-vitaminas, cálcio, Omega-3 (sem mercúrio), aminoácidos, acidófilos, zinco e enzimas. Estou aos poucos fazendo a transição para SCDIET (Specific Carbohydrate Diet) – dieta específica de carboidratos - que é recomendada para regularizar o (“Leaking gut”) - Intestino Poroso e mata a Cândida Albicans. Na SCDIET que é uma dieta muito mais complicada, algumas frutas antes de serem comidas devem ser cozidas em água e outras devem estar muito maduras para serem ingeridas.

Na escola, o Luke leva a comida dele e já está consciente, depois de dois anos na dieta, que não pode comer qualquer coisa. Se tiver uma festa ele leva o bolinho dele e coisas que gosta e pode comer. Quando saímos sempre levo alguma coisa das que lhe são permitidas para não ter problemas. Exemplo: podemos ir ao Mcdonalds ele come batata-frita (é feita com óleo vegetal contém soja e, embora ele seja sensível à soja, a quantidade contida nas batatas não é o bastante para causar problemas); come hambúrguer sem pão e toma Sprite. Se for a outro restaurante ligo e explico o problema e vejo o que ele pode comer. Sempre checo todos os alimentos e remédios antes de consumi-los.

Fontes Consultadas:

Site Glúten Free Casein Free Diet – http://www.gfcfdiet.com

LEWIS, Lisa. Special Diets for Special Kids. Arlington, Texas, Future Horizons, 1998.

Pangborn, Jon & Baker Sidney. Biomedical Assessment Options For Children With Autism And Related Problems. San Diego, CA, The Autism Research Institute,2002.

LEWIS, Lisa. Special Diets for Special Kids Two. Arlington, Texas, Future Horizons, 2001

Daniel J.R. Nordemann e João A. Caracas. Problemas Neuro-Metabólicos. .São Paulo, Memnon Edições Científicas 1999.